Moradores da Balsa fizeram um ato em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) da localidade na noite desta quarta-feira. O problema apontado é a falta de profissionais, como pediatras e ginecologistas, além do funcionamento em horário reduzido do posto. No local, os atendimentos estão sendo feitos somente durante o período da manhã, e com distribuição de senha, segundo os moradores.

Durante a visita da reportagem na tarde desta quarta-feira, o posto estava fechado. De acordo com o presidente da Associação Comunitária de Moradores da Balsa, João Paulo Pinho, a situação ocorre desde novembro, inclusive com a falta de profissionais. Na parede do local papéis informam que a unidade está sem pediatra e que o dentista está em férias. "É um absurdo um posto desse ficar fechado", afirma, lembrando o fato da unidade ter sido requalificada e reentregue em fevereiro do ano passado. Os serviços, ao custo de R$ 25 mil, contemplaram instalações hidráulicas e elétricas, pintura, recuperação do telhado e possibilitaram a retomada do serviço odontológico no local. Segundo Pinho, já foram realizados diversos contatos com a prefeitura, que atribui a situação à falta de médicos na rede municipal de saúde.

Moradora do bairro, Paula Silva, de 39 anos, conta que a situação vem piorando ao longo dos anos, mas chegou a um ponto crítico."É um absurdo, não tem ninguém nem para medir a pressão", desabafa. Conforme relata, os únicos atendimentos realizados na Unidade são feitos no período da manhã, com a distribuição de seis fichas diárias para consultas com um clínico geral e quatro para o dentista. "A gente tem que ir de madrugada para pegar", diz. Mãe de três filhos, ela conta que precisa se descolar para outras unidades em busca de atendimento com um pediatra, após a profissional que atendia na unidade ter se aposentado. O mesmo procedimento também é seguido para a mulher ser atendida por um ginecologista pois, segundo ela, há dois anos a UBS do bairro não conta com esse profissional. O problema também é apontado por Andreia Moraes, de 34 anos, que cita o exemplo da cunhada, que precisou realizar o processo de pré-natal na Unidade básica do Pestano. "É um transtorno, a gente não tem condições pra ficar indo até outros locais", pontua. Entre as dificuldades, também está a negativa de atendimento em outros postos.

Andressa Paes procurou a unidade para pegar medicamentos para o tratamento de um problema nos ovários, mas ficou surpresa ao encontrar o posto de saúde sem atendimento. "É uma vergonha", critica. Ela conta que já tinha procurado a UBS de seu bairro, o Fátima, mas foi informada de que não havia medicamentos no local e aconselhada a procurar o posto da Balsa. "Agora não sei para onde vou".

Solução em até um mês

Conforme a diretora de Atenção Primária do município, Sabrina Lima, há duas causas para a interrupção dos atendimentos na Unidade durante o período da tarde: as férias do recepcionista que atua no local e a saída de uma enfermeira por licença-saúde. "A situação deve ser resolvida em até um mês", garante a gerente, por meio de um remanejamento entre profissionais. Em relação à ausência de pediatras e ginecologistas, Sabrina afirma que, caso necessário, o clínico geral da unidade realiza o encaminhamento, via sistema, para consulta com profissionais especializados. "A quantidade de profissionais está de acordo com a legislação", garante.
Em relação ao atendimento odontológico, a gerente aponta como suficiente a presença de um dentista na unidade, pois cumpre a demanda da região. No entanto, ela reconhece que há um déficit de médicos na rede municipal, que, deve ser reduzido com a alocação de residentes a partir do Programa de Residência de Medicina da Família e Comunidade, instituído a partir de Lei municipal sancionada em novembro do ano passado pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).